Soja lidera “escudo do agro” contra impacto econômico da Covid no interior

Num momento em que não faltam indicadores econômicos de sinal negativo, o desempenho excepcional da soja – produção e preços recordes  – em plena pandemia de coronavírus tem garantido a circulação de dinheiro nos municípios do interior do Paraná, aliviando a pressão sobre as finanças locais. O Valor Bruto da Produção da soja paranaense, atualizado mensalmente pelo Ministério da Agricultura (Mapa), deu um salto histórico, saindo de R$ 18,7 bilhões em 2018/19 para R$ 29,7 bilhões no ciclo atual.

O acréscimo de R$ 11 bilhões irriga a economia de municípios fortemente dependentes da agropecuária.


É um dinheiro que não fica retido dentro da porteira das fazendas. “Isso transborda para outros setores. Para produzir a safra, o produtor precisou de toda uma rede de insumos, ele movimentou as casas agropecuárias dos municípios, as revendas de máquinas e equipamentos e, depois, na comercialização, ele movimenta a cadeia de transporte, já que as indústrias precisam de muitos caminhões para transportar a safra, e isso transborda também para a manutenção dessas frotas”, destaca o economista Luiz Eliezer, da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP).


Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura, até junho o Paraná já embarcou 9,24 milhões de toneladas do grão para o exterior (33,7% a mais do que nos primeiros meses de 2019), obtendo receita de US$ 3,3 bilhões (+30,3%). O agro paranaense, como um todo, exportou 13,9 milhões de toneladas no primeiro semestre, 16% a mais do que no mesmo período de 2019, gerando receitas de US$ 6,61 bilhões (+5,9%). De toda a movimentação de cargas no Porto de Paranaguá, a soja respondeu por 33% no semestre.


O secretário Ortigara acredita que o Paraná ainda “deve” à soja um estudo mais amplo de seu impacto direto na economia, na arrecadação de impostos, nos subprodutos e na geração de empregos.


Se não há ainda um estudo mais aprofundado da contribuição socioeconômica da soja ao Paraná, um levantamento recente, do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, procurou dimensionar o peso real do agronegócio em cada um dos 399 municípios do estado. A conclusão é de que o setor primário (produção agropecuária) representa mais de metade das riquezas geradas em 234 municípios. Em 125 deles, o índice ultrapassa 70%. Nesse contexto, a soja responde, sozinha, por quase um terço do VBP do agro paranaense, que deve chegar a R$ 100 bilhões em 2020.0

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