Conforme analista da SAFRAS Consultoria, Jonathan Pinheiro, os preços do grão, que estão consideravelmente elevados para o período, devem subir a partir da virada do ano e se manter em patamares acima do habitual. Antes disso, porém, ao longo dos meses de outubro e novembro, principalmente, as cotações devem recuar pressionadas pela entrada da oferta recém-colhida no mercado interno. Na comparação com o ano passado, o trigo no Paraná está cerca de 40% mais caro, enquanto no Rio Grande do Sul, a variação é positiva em aproximadamente 60%.
Importante ressaltar que o câmbio tem papel fundamental na sustentação das cotações no mercado interno. Mesmo com a colheita no Brasil e uma improvável melhora na situação da Argentina, a alta do dólar em relação ao real torna mais cara a importação do grão, estimulando os produtores a elevarem suas pedidas.
A tendência, de acordo com o analista, é que a indústria busque o trigo nacional de forma antecipada. Os moinhos de grande porte já estão bem abastecidos. Na outra ponta, os produtores estão, de um modo geral, capitalizados, o que propicia um cenário mais confortável para uma barganha do lado vendedor, que pode esperar mais para negociar. “Esses são fatores que também sustentam o mercado. Os preços vão recuar nas próximas semanas, mas nem tato. Acreditamos que preços acima dos R$ 1.000,00 por tonelada ao longo da temporada são bastante prováveis. Na Argentina os preços também serão mais elevados. A situação por lá deve piorar ainda mais”, projetou o consultor.